El Heraldo, quarta-feira 26 de fevereiro de 2003 página 3-4 seção A
Contas Claras
Por Apolinar Diaz-Callejas.
Ex-membro do Gabinete do Presidente Carlos Lleras Restrepo.
Em operação militar em desenvolvimento do conteúdo de guerra do Plano Colômbia, acidentou-se um avião dos Estados Unidos utilizado na assessoria técnico-militar a nossas Forças Armadas em sua luta contra as guerrilhas. Morreram um empreiteiro, mercenário norte-americano, e um militar colombiano. Estão seqüestrados ou prisioneiros três mercenários.
É um acontecimento de guerra que envolve militares ativos e mercenários ianques.
Os meios de comunicação e o Governo se empenharam em divulgar que se fale de cidadãos estadunidenses e se oculte que estão complicados em um ato de guerra, participar em operações de inteligência militar, que é o que faziam em Caquetá. Não são turistas.
O empenho do Governo e dos meios de comunicação em alterar o conceito de mercenário pelo de cidadão estadunidense é uma grosseira deformação dos fatos pela via da manipulação do idioma.
Segundo a Enciclopédia Mundial de Relações Internacionais e Nações Unidas, mercenários são unidades militares à base de voluntários que se alugam para lutar contra qualquer adversário, muito freqüentemente com fins coloniais, de intervenção ou de sabotagem.
Nos Estados Unidos, as organizações de mercenários que se alugam para esses fins são integradas por militares que participaram em guerras de agressão como Vietnam, Granada, Somália e outras, inclusive na primeira guerra da família petroleira dos Bush contra o Iraque em 1990. Executam ordens de morte, como a de Bush quando disse: tragam-me Bin Laden, vivo ou morto.
São uns Rambos que se alugam para matar. Não são cidadãos comuns e correntes. Esses mercenários da CIA estão aqui em ações militares dentro da intervenção norte-americana em nossos assuntos internos que é o Plano Colômbia que Pastrana deixou e Uribe Vélez dá seguimento. A embaixadora dos Estados Unidos na Colômbia declarou que têm autorização para disparar. São a parte ianque de nossa violência.
27.03.2003, 02:25 PM ET
Avión Cessna. Colombia.
Foto: Peter Muhly, AFP
26.03.2003, 05:17 PM ET
Avión Cessna.
Foto: Lars Holm, AFP
Por que essa mentira idiomática? Queria-se ocultar aos colombianos que os estadunidenses já estão militarmente em nosso conflito.
O Washington Post disse que o avião norte-americano caiu na selva do Caquetá quando rastreava a Frente 15 das FARC. É um avião para a guerra com mercenários para a guerra. Há que dizer a verdade.
Por isso, Bush anuncia para a Colômbia maior intervenção militar, mais guerra, tal como fez ao dispor que 1.750 soldados estadunidenses participem nas Filipinas na guerra contra grupos rebeldes muçulmanos. Serão mercenários alugados como fizeram na recente invasão ao Afeganistão em que os soldados norte-americanos também eram mercenários para matar muçulmanos.
É inaceitável que não se chame aos norte-americanos envolvidos nos acontecimentos do Caquetá com seu nome real: mercenários, rambos contratados, inclusive, para matar. Que isto se faça na Colômbia em 2003, quando se cumprem cem anos do assalto dos Estados Unidos às obras do Canal do Panamá, é uma vergonha nacional.
Uf! Último minuto! Escrito o anterior, chegou a bomba: Bush envia 150 mercenários para resgatar aos de Caquetá. Vêm à guerra dos gringos. Recordemos 1903, quando perdemos o Canal do Panamá.
Deus nos salve! Unamo-nos pela Colômbia! Nossa paz só a faremos com os colombianos dialogando.