President Álvaro Uribe (C). Nariño Palace. Bogotá. 14.08.2002.
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Entrevista: O Partido Comunista Clandestino opina sobre o referendo
Apresentamos um fragmento da entrevista realizada pela Cadeia Radial Bolivariana (CRB), Voz da Resistência, a um integrante da Direção Regional do Caribe, do Partido Comunista Clandestino Colombiano, sobre o Referendo que impulsiona o governo de Álvaro Uribe Vélez.
CRB.- Porta-vozes do governo Uribe impulsionam com veemência o projeto do Referendo. O ministro do interior, inclusive, expressou, ou deu a entender que quem não votar positivamente nesta iniciativa está com a insurreição guerrilheira. Por que esta tentativa de polarizar as posições?
PCCC – Talvez seja correto o que diz este ministro falador e briguento: quem não está com o Referendo é porque não deseja estar, não está ou não deseja continuar com o governo de marcado tom fascista na Colômbia, porque o referendo é em essência um plebiscito para consolidar o partido fascista do presidente.
Agora, para alcançar seu objetivo, Uribe Vélez necessita grandes recursos econômicos; por isso estabelece a aprovação de medidas fiscais para agradar os banqueiros internacionais, e cortando o investimento social, a cobertura na saúde, educação pública e segurança alimentar, acredita estar ganhando pontos de respaldo do Império ianque. Isto se vê claramente, como está claro que se acentua o Terrorismo de Estado e se aprofunda o conflito social.
CRB.- Antes o PCCC denunciou que uma das mais graves expressões do Terrorismo de Estado na Colômbia é o paramilitarismo. Que vínculo teria a afirmação anterior com o projeto de referendo?
PCCC – O Referendo fascista assegura de forma descarada a legalidade ao paramilitarismo. Num de seus tantos artigos prevê destinar cadeiras no Congresso da República para as “forças em conflito” e “que se encontrem em processo de diálogo”. Pode-se inferir que estas cadeiras são para os paramilitares, a quem desde já – sem considerar que são indivíduos que têm cometido crimes de lesa humanidade -, se está aplainando para eles o caminho da interlocução política com o diálogo e as ofertas de indulto. Isto faz parte essencial do partido fascista de Uribe e da oligarquia bipartidária (liberal-conservadora) mais reacionária.
CBR.- Você acredita que a intensa campanha midiática uribista impregnou gerando efeitos favoráveis ao regime e a seu projeto “plebiscitário”?
PCCC – Antes de tudo é um referendo politiqueiro; procura-se conseguir votos com o erário público e com a máquina do Estado. Coloca os governadores, prefeitos, deputados, vereadores e todos os funcionários públicos como “chefes de debate”, pois se propõe a prorrogação de seu mandato por mais um ano e o proselitismo inclui a linguagem estigmatizante do ministro do interior: “Quem não esteja com o referendo é terrorista”.
Também devo dizer que o gaguejado referendo estimula a corrupção, já que de forma ampla revive os auxílios parlamentares; recauchuta aqueles ladrões de colarinho branco que são os barões eleitorais liberais e conservadores, reunindo-os dentro da militância fascista.
CRB.- Qual seria a maneira de fazer oposição ao referendo?
PCCC - Dentro das organizações populares se discute se se alenta o voto pelo NÃO, ou se se alenta a abstenção ativa. O certo é que, é preciso denunciar o caráter enganador e perverso de Uribe e seu referendo. Em suas perguntas embaraçosas confunde os possíveis votantes, imprimindo uma forma de seleção que termina induzindo a marcar o SIM. Isto de fato é deplorável. Como também se se vota pelo NÃO, ajuda-se a dar certo ar de legitimidade a tão viciado processo. Por isso, nossa orientação é não votar, é abster-se.
CRB.- A conclusão seria fazer a denúncia e também não votar?
PCCC - Essa conclusão é parte da orientação. Porque acrescentemos que o referendo é ferramenta para oficializar a chamada estratégia de “segurança democrática”, as medidas do Estado de Comoção, as liberticidas zonas de reabilitação. Procura propiciar a intervenção e a invasão militar norte-americana, oferecer maior ambiente para a incorporação dos chamados soldados camponeses e dos informantes ou sapos ao aparato repressivo estatal, pretendendo que assim se “reduzirá o conflito social”. Por tudo isso, o que está na ordem do dia é a luta em todas as suas modalidades contra toda a estratégia fascista da oligarquia encabeçada por Uribe Vélez.
Da parte do PCCC há um convite especial para assumir com decisão a luta clandestina, avançando para a formação de um bloco social e popular que consolide a unidade dos oprimidos e excluídos e se dêem passos para respaldar a idéia do Governo alternativo que propuseram as FARC-Exército do Povo, visando tornar efetiva a oposição ao fascismo, sempre procurando instaurar a paz com justiça social, de maneira soberana, patriótica e derrotando o intervencionismo ianque também.