A confrontação armada na Colômbia entre o Estado, expressão concentrada das classes dominantes e dos interesses do império gringo, e o povo que se defende, representado na insurgência, principalmente nas FARC-EP, se desenvolve em meio à uma profunda crise econômica, política, social e ecológica do capitalismo, agravada pelo modelo neoliberal e atiçada desde o Império com o Plano Colômbia e seu complemento a Iniciativa Regional Andina (IRA), de graves conseqüências no momento e de piores para o futuro.
No desenvolvimento do conflito, há prisioneiros de guerra nos dois lados. Em poder da guerrilha há oficiais e suboficiais das distintas instituições militares, capturados em combate, bem como três estadunidenses agentes da CIA detidos no Estado de Caquetá enquanto faziam inteligência militar, e um número considerável de políticos responsáveis pelas sua ação ou omissão do terrorismo oficial. Nas cadeias do Estado encontram-se guerrilheiras e guerrilheiros capturados fora de combate.
Avançando em seu projeto fascista, o ditador Uribe Vélez, secundado pelo Parlamento, em cujo seio se expressa amplamente o narcotráfico e o paramilitarismo, tem declarado o Estado de Exceção, criando “zonas de reabilitação” que são verdadeiros teatros de guerra, onde os militares contam com faculdades de polícia judicial para deter sem mandado prévio, desterrar e recensear a população, bloquear a economia e controlar os orçamentos.
Por isto, as cadeias colombianas estão cheias de dirigentes políticos de oposição, defensores dos direitos humanos, sindicalistas, jornalistas, escritores, estudantes, operários e camponeses que, capturados às dúzias, sem provas ou com provas montadas, são acusados de terrorismo, “delito” de moda imposto pelos gringos a partir de 11 de setembro de 2001 pelo mundo afora, para punir aqueles que não estejam com eles ou com Uribe Vélez, conforme a doutrina do senhor Bush.
Antigamente tanto guerrilheiros como dirigentes de esquerda ou populares e lutadores sociais, eram considerados pelo Código Penal como autores de “delitos políticos” e tinham um tratamento especial que os diferenciava da delinqüência comum. Eram presos de consciência. Hoje, essa tipificação não existe no ordenamento jurídico e tem sido banida por várias reformas impostas nos sucessivos governos. Como conseqüência, tem sido eliminado o legítimo direito a declarar-se em rebeldia contra o regime fascista.
Com o aprofundamento da confrontação, o regime endurece a legislação para proteger sua dominação, recorre aos estatutos de segurança ou leis antiterroristas, que negam a liberdade de expressão e de organização popular. Inicia-se uma verdadeira caça das bruxas. Os meios de comunicação, que participam ativamente no projeto fascista, vêem carregados de imagens de supostos guerrilheiros ou colaboradores, capturados pela segurança do Estado, “após árduos trabalhos de inteligência”, como dizem seus relatórios.
Como os patrões exigem resultados a todos, desde o ditador até o último policial, e na pressa de fazê-lo não se detêm diante nada nem de ninguém, os dedos-duros acusam inocentes para fazer jus à recompensa. Os cárceres colombianos lotam e ninguém tem direito a se queixar porque pode ser detido como auxiliar do suposto terrorista, uma vez que foi eliminado o status de preso político.
A máquina fascista funciona, longamente lubrificada pela direita colombiana, agrupada no partido único da repressão que representa o bipartidarismo liberal e conservador.
O povo colombiano se organiza e luta pela liberdade, tanto dos presos políticos civis como dos prisioneiros de guerra. Os parentes e amigos dos prisioneiros nas nossas mãos, pressionam o governo de Uribe Vélez, o Parlamento, o Poder Judicial, a Defensoria do Povo e a Procuradoria Geral, a fim de aprovar uma lei de troca de presos permanente, proposta que as FARC-EP mantêm desde o governo anterior.
As FARC-EP têm mostrado disposição de chegar a um acordo nesse respeito. De forma unilateral libertaram mais de trezentos prisioneiros, sem que isto fosse valorizado pelo governo, o qual insiste nos seus planos de resgate pela força sem levar em conta o alto risco que isso representa para a vida dos detidos, cuja responsabilidade cai única e exclusivamente sobre o Estado.
É necessário um debate nacional e internacional sobre o tema. As organizações defensoras dos direitos humanos e as forças políticas devem ao povo colombiano sua participação nele. Será o lugar apropriado para debater as diferentes propostas de solução, com as organizações populares, para tirar o governo de sua teimosa e imobilista posição exigindo soluções reais.